Pronto Comandante!

Texto e Fotos:
A.C.Cravo


       A resposta ao convite para esta pescaria poderia ter sido o título acima, visto a pessoa do anfitrião o particular amigo Luiz Fernando, as condições em que seria realizada ou até mesmo pelo local: Rio Comandante Fontoura.

 
Mapa do rio Comandante Fontoura  

       O Rancho Liberdade, está situado em terras da Fazenda Raça, nas proximidades do município de Canabrava à margem direita do terço inicial do Rio Comandante Fontoura, afluente pelo lado direito do Rio Xingu, onde deságua depois de percorrer mais de 300 quilômetros quilômetros.

 
O rancho   Rancho 2
 

       Sua história é mais um exemplo de amizade, daquele tipo onde quando um diz vamos o outro já está pronto lá na frente. Amigos de longa data, colegas de profissão e companheiros de pescaria, bastou que Luiz Fernando em uma de suas visitas à Fazenda Raça, do seu amigo Sebastião Zorzeto, em Mato Grosso, por onde serpenteia sinuoso o Rio Comandante Fontoura o Instasse com o desafio: Se você fizer uma casa na margem do rio, eu faço o rancho!
 
       Algum tempo depois ele foi surpreendido com a notícia de que a casa já estava pronta e ele já poderia transformá-la em rancho de pesca.
 
       LF, colocou os amigos Nivaldo, Gomes, Ariston e Eda, para trabalhar e logo um caminhão cheio até onde poderia sê-lo, considerando camas, mesas, geladeiras, roupas de cama e mesa, geradores, etc, etc e etc..., deixou São Paulo com destino à fazenda e logo o Rancho Liberdade estava pronto para a alegria do Luiz Fernando e o deleite daqueles que como eu tiveram a alegria de serem seus convidados.

 

       A Viagem:
 
       Marcada para o período 12 a 20 Jun., bastou contatar a Andréa, da Natour Pinheiros e logo estava com a passagem na mão, entregue pelo amigo Pepe Melega, que infelizmente não pôde nos acompanhar.

  Aguardando o piloto.
 
Voando  

       Os dias que a antecediam, como todos os anteriores às viagens de pesca, pareciam arrastar-se entre a preparação da bagagem, do equipamento e da escolha das iscas. Tudo acertado, dia 12 pela manhã (05.30hs) encontrei o Luiz Fernando no Aeroporto de Congonhas e logo estávamos voando para Goiânia, onde um Sêneca da Aerotec, do Almir, nos aguardava para o transbordo final ao rancho. Matei a saudade dos Bandeirantes da FAB e posso até arriscar a dizer: Voar é aquilo.

 

        O Vôo relativamente baixo em relação ao anterior permitia que víssemos com grande nitidez os acidentes geográficos que passavam sob nós e chamou-me particular atenção a represa de Serra da mesa, os rios Javaés, e Araguaia, que delimitam a Ilha do Bananal e o Das Mortes que corre lento e sinuoso até desaguar no Araguaia enquanto alagados de variados tamanhos, espelhavam o sol, refletiam o céu e aqui e ali mostravam o nosso pequeno avião.

 
Represa Serra da Mesa   Araguaia
 

       A Pescaria:
 
       A pescaria, se fosse um sanduíche poderia ser chamada de “X Tudo”. Eu pescaria principalmente de fly e o Luiz Fernando e o Rui, que chegaria depois, pescariam de bait sem no entanto dispensarem uma passada pela “Ceva do Nivaldo”, onde os Piaus e os Pacus Prata, estavam proporcionando momentos incríveis na vara lisa e algumas vezes nas micro com pequenos molinetes e linhas 0,18mm e 0.20mm. Material para esta pescaria não era problema, visto a quantidade de varas que ambos conservam por lá.

  Logo na chegada.
 
Ceva do Nivaldo.   Luiz Fernando na ceva.
 

       Ansioso por flaisar naquelas águas, levei daqui quatro varas Peacemaker ( protótipos de 3 seções). Três nº 8 e uma nº 4, todas acompanhadas de carretilhas Plus e carreteis sobressalentes, tudo da Fleming. Como garantia adicional, que me perdoem os amigos mais puristas, levei uma carretilha Odissey, para bait, nunca se sabe...

  LF e seu pacú prata.
 
Casteando.   Tá ferrado.
 
Voltando às origens.  

       Logo que chegamos, numa verdadeira azafama arrumamos o material e antes das duas da tarde já estávamos sofrendo as agruras ocasionadas pela altura das águas. Pois face à grande quantidade de chuvas no ano passado as águas ainda estavam num nível muito alto formando inúmeros alagados onde ainda se refugiavam os peixes e onde não conseguiríamos alcança-los.

 

Mas na verdade, nem isso tirou o brilho da pescaria pois se os peixes estavam difíceis o prazer ao encontrá-los era muito maior.

  A primeira.
 
O tucuninha.  

       A quantidade de espécies passíveis de serem pescadas me deixava louco e logo pude coroar a primeira pescaria com um Trairão, que sucumbiu ao Clouser Minnow companheiro de outras tantas aventuras e que confirmou a sua eficiência.
 
       Como disse, a altura da água prejudicava a pescaria mas não impedia que aqui e ali fôssemos pegando pequenos Tucunarés, Bicudas, Cachorras e até mesmo alguns Jacundás com suas belas cores

 

A largura média do rio - no máximo 20 metros- e as árvores que debruçavam os seus galhos sobre ele também eram um fator de preocupação com o tamanho do casting, fazendo que a pesca com fly, na maioria das vezes ficasse restrita aos lagos e “empucas” – como lá chamam as aberturas na margem alagada.

  LF e o tucunão.
 
O indefectível João Pepino.  

       Isto posto, nada mais me restava do que voltar a origem e partir também para o bait, sem pejo algum. Usei uma vara Jaguar de duas seções 5,6 “, 8/20Lb, complementada por uma Carretilha Odissey – ambas da Fleming - carregada com monofilamento Mirage 0.370mm, tendo na ponta como costumo denominar, o Indefectível João Pepino. Na ocasião brinquei que minha pescaria era um” Misto Quente “.

 

       Na primeira saída com o Rui, enquanto eu flaisava pequenos Tucunarés ele engatou um bitelo que ao final se revelou o maior da pescaria, seguido de perto por outro do Luiz Fernando. Eu tive uma linha e um tippet arrebentados na pauleira por dois peixes, que como todos aqueles que fogem seriam os maiores da pescaria.

  Rui, cansando o tucunaré.
 
O maior.  

Já havia perdido também dois Trairões que destruiram uma Waterland –Isca de superfície, By Jim Murata- do Rui, levando-me quase a loucura e ele aos risos, tudo isso sob a cantilena do piloteiro que achava que eu deveria usar iscas naturais se quisesse realmente os grandes.

 

       TUDO BEM!, prepare tudo que esta noite vamos linguiçar. Por sorte dele o Rui resolveu tomar o seu lugar e logo estávamos os dois, acompanhados do C B T, numa boca de lago, dita promissora para a pesca de Trairões e espécies de couro o que realmente se confirmou. Pois peguei um Cachara e um Trairão com mais de 9 quilos e O CBT, um Trairão de quase seis.

  O pintado.
 
O trairão.   CBT e o seu trairão.
 
A última.  

       No dia seguinte em lá voltando, peguei um Trairão menor e tive duas linhas arrebentadas nos paus, sem falar nas Cachorras, que saltavam muito e invariavelmente livravam-se do anzol.

 

E assim os dias iam se sucedendo com suas alegres pescarias onde maior ainda do que o tamanho dos peixes era o prazer de pescá-los e soltá-los. Com o Fly, muitas vezes nem era necessário segurá-los. Bastava afrouxar um pouco a linha e ele se afastava célere para o local de onde havia sido retirado.

  Pequeño mas brigador.
 
Lambari, lá vamos nós.  

       Inusitada foi a pescaria de Lambaris. Quando saí daqui, já sabia da existência de um riacho noutro lado da fazenda, onde poderia flaisar inúmeros Lambaris, Traíras e até mesmo alguns Tucunarés.

 

       Domingo, com tudo pronto pude escolher: Por baixo ou por cima, na verdade Kombi ou Cesna, qual seria o meio de transporte para o local. Não sei o quê vocês escolheriam, eu fui de Cesna!

  Riozinho.
 
Flysando os lambas.  

       Preparada a vara 4 para a primeira tentativa com as Traíras na parte central da lagoa, a visão na água da cabeça enorme de uma Sucuri acalmou a alegria do primeiro pincho, que se tivesse sido feito, cairia bem junto a ela.

 

Discretamente, ou seria covardemente, achei de bom alvitre retornar para perto dos companheiros e castear em águas mais rasas e certamente menos perigosas. Fui aos Lambaris pensando: Puxa, tava dando tudo tão certo! No início do córrego peguei vários e depois fui andando por um trecho da margem, pegando outro aqui e ali.

  O lambari e a Plus 4.
 
Lambarizando na ponte.  

       Voltando ao rancho os dias seguiam normais: Pela manhã e tarde pescaria, depois banho, rodada de estórias e causos embalada por um “Doze anos” e jantar.

 

Podem acreditar que numa noite cheguei a tomar DUAS doses e quem me conhece sabe que isso nunca havia acontecido. Ah!, depois ainda tomei duas cervejas, Juro!!!

  Paquinha.
 

     As vezes, para não perder a prática iscávamos um 9/0 com um pedaço de Piau e da varanda mesmo, fazíamos a festa com as Cachorras. Numa destas vezes fui acordado pelo CBT, para ver a Cachorra que o Rui havia conseguido trazer para cima.

 
Jantando.   Pescada da varanda.
 
Casteando sentado.  

       Na Quarta e na Quinta Feira, últimos dias da pescaria, fui presenteado pelo Luiz Fernando, com aquele que por certo seria o presente dos sonhos de qualquer pescador. Pescaria sozinho. O barco, o rio e o lagão, seriam todos meus!

 

       Flaisei quanto quis e embora não tenha conseguido nenhum exemplar dos grandes, a quantidade bastou para “matar a sede” de qualquer pescador.
 
       Já preparado para a volta, de alma lavada agradeci a Deus por permitir que tivesse desfrutado desses bons momentos em companhia de amigos como o Luiz Fernando e o Rui.
 
       PS: E o melhor de tudo é que parece que vamos voltar em outubro

  Até a volta!
 

 
Mais Fotos:

 
Abacaxi   Empuca do Nivaldo
 
Jacundá   Lago visto do alto
 
LF escolhendo o local   O Liberdade
 
Pauleira no lago   Pega lago trairão
 
Preparando o 206   Queimou a lâmpada
 
Reserva de armamento   Rui, como vou desmanchar esta?
 
Voando para flysar os lambaris   Matrinchã, na frente do rancho
 
Serjão, o faz tudo   No Clouser minnow
 
Risonildo e o tucunão do LF   Tucuninha no bait