Surpreendido Pelo Invasor
 

Texto e Fotos: Sergio E. Marchioni


 

       Época de São João e São Pedro, popularmente conhecida como festas juninas. Sob esse pretexto fomos convidados a passar alguns dias em Gravatá. Cidade de clima agradável, distante 85 km de Recife – PE. Boa parte de suas construções em estilo europeu, formam inúmeros condomínios ou prives, como são chamados por aqui.
 
       O condomínio que ficamos dispunha suas casas em torno de um lago. Situação ideal para alguém fanático pela pescaria e seus desafios.
 
       Foi lá que descobrimos esse peixe, até então, desconhecido para nós e que descrevemos para vocês.

 
 
 
 

       O Jaguar Managuense (Cichlasoma managuense) é um peixe originário da América Central, portanto, um invasor de nossas águas e que agora se prolifera abundantemente, de norte a sul, em nossas bacias. É um peixe bastante apreciado pelos aquariofilistas, porém extremamente agressivo e territorialista. Na América Central é criado para engorda e abate. Seu tamanho chega a 40 cm e os machos são maiores que as fêmeas, apresentando o “cupim” na época da reprodução.

 

       A pescaria neste lago é bastante interessante, pois seu foco está voltado para as aves como: patos selvagens, gansos negros e outras espécies, portanto, os peixes são relegados a segundo plano. E, justamente é isso que torna interessante, pois os peixes não recebem ração. Comem o que sobra da alimentação das aves e principalmente alevinos e insetos. Isto faz com que a pescaria seja mais técnica e a escolha da isca a ser utilizada tenha que ser mais estudada, fugindo da utilização tradicional do Hair Ball (isca que imita ração).
 
       As iscas mais eficientes para o Jaguar nesta pescaria foram os streamers pequenos, claros e brilhantes. Eram trabalhados de forma rápida e, às vezes, com paradinhas.

 
 
 

       Com a temperatura da água mais fria durante a manhã, a tendência era se concentrarem mais no fundo do lago; já no meio da tarde, com a água mais quente, dirigiam-se para a beirada para tocaiar os alevinos que se escondiam próximo da margem. Portanto, é claro que os arremessos mais produtivos eram os dados paralelamente e bem próximos da borda.

 

       O Jaguar vem com rapidez e ataca a isca com violência, demonstrando seu temperamento super agressivo.
 
       Os peixes capturados foram pequenos, mas proporcionaram embates gloriosos. Numa das tardes, foram capturados mais de 60 peixes; era praticamente um ataque para cada arremesso.

 
 
 

       Outro habitante do lago capturado foi a tilápia. E, justamente por sabermos de sua existência é que utilizamos um líder de aproximadamente 8 pés e tippet bem fino, pois no geral são bastante ariscas e deixam de atacar a isca caso o tippet esteja visível.
 
       Para essa pescaria, uma vara número 4 e linha flutuante foi o ideal.

 
 
 

       -- A invasão do peixe exótico em nossas bacias --
 
       É alarmante ver nossas bacias invadidas por peixes exóticos e ainda extremamente agressivos como é o caso do Jaguar Managuense.
 
       Há muitos relatos de capturas de grandes exemplares no sul e sudeste e, esta é mais uma prova de que ele também se dissemina nas bacias do norte e nordeste, além do centro-oeste.
 
       Com certeza, por sua agressividade e resistência, o Jaguar irá tomar o lugar de alguma espécie nativa, podendo levá-la a extinção naquele local.
 
       Devemos ter consciência que a introdução de um peixe exótico deve ser exaustivamente estudada por especialistas, caso contrário, o risco de um desequilíbrio no ecossistema local de sua inserção é altíssimo. Portanto, no caso de criação de peixes exóticos em lagos ou até mesmo em aquários, devemos tomar todas as providências e cuidados para que esse peixe fique contido em seu local de criação, excluindo assim o risco de que esse indivíduo exótico se prolifere em nossas represas, rios ou qualquer outro habitat.