Robalos em Bertioga – Nem sempre a gente acerta

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       Conversando com o Mauro, do Empório da Pesca, pescador de robalos há muito tempo, lhe fiz aquela pergunta que todo mundo quer saber a resposta: - Mário, faz mais de 10 anos que você pesca robalos no mesmo lugar, a que conclusão chegou?
 
       Ansiosamente, esperava a resposta. Ele balançou a cabeça e respondeu de uma vez só: - Nenhuma!
 
       Era tudo o que eu não queria ouvir. A gente sempre está em busca daquela fórmula infalível. Pena que na pesca isso não existe.
 
       Eu também concordo com sua resposta, pois teoricamente uma maré de quarto, é no geral, uma boa maré para a pesca dos robalos, mas já fiz pescarias em maré de lua cheia, com a água correndo muito, meio suja, mas muito produtiva e outras com as condições ideais, maré, temperatura, água, mas os malditinhos não deram o ar da graça.
 
       Uma coisa a gente sabe, a partir de meados de maio, início de junho quando a temperatura já está esfriando, começa a temporada dos robalos no mangue. Nesta época os pevas e flexas sobem os rios de mangue para se alimentar de camarões, caranguejos e peixinhos, dentre eles o lambari. O interessante é que existe mais um tipo de robalo, que é o robalinho de mangue, que se difere por sua nadadeira anal muito mais pronunciada e uma coloração mais escura no dorso. Se é ou não outra espécie, realmente não sei e nunca li qualquer estudo sobre isso, mas é um pouco diferente do peva normal.

 
 

       À convite da Top Pesca, através do amigo Cravo, fomos a mais uma incursão de robalos em Bertioga. Apesar de pescar robalos em mangue há um certo tempo, seja vadeando no meio do rio, seja de barco ou mesmo de float tube, esta foi a primeira vez que fui acompanhado por um guia especializado em robalos, o Ossamu.

 
 
 
 
 

       A data foi escolhida a dedo, com aquela maré de quarto mais do que esperada. Saímos do píer de Bertioga em direção aos rios Itapanhaú / Fazenda e Praia . Para nossa infeliz surpresa, pudemos ver as formações de nuvens na serra, indicando a chegada de uma frente fria. Essas mudanças bruscas, sempre causam transtornos nas pescarias, pois, geralmente, o robalo fica mais manhoso e muitas vezes não se alimenta como em outras ocasiões. Bem, como pescaria é assim mesmo, partimos para a nossa.

 

       No início da manhã, tivemos algumas ações no rio da Praia. A única chance era pinchar a isca bem rente à estrutura do mangue fazendo com que a precisão fosse fator primordial, pois de tão manhosos que eles estavam, não saiam de lá para se alimentar em hipótese alguma. Foram utilizadas muitas iscas, dentre elas, o Suf Candy, Diver, Half&Half, Tube Flies (EP minnow) e Ultra Shrimp, que imita exatamente o camarão existente no mangue. O Ultra Shrimp é trabalhado praticamente em dead drift ou então com alguns toques – muito eventualmente é trabalhado bem rápido, mas acredito eu que nesse caso o robalo veja a isca não como um camarão, mas como um peixinho fugindo.

 
 
 

       Por volta de umas nove e meia da manhã já havíamos tido umas 4 ações, 2 peixes perdidos e mais 3 capturados. O Ossamu, meio cético nos perguntou: - Alguém aí trouxe equipamento de bait, pois talvez dessa forma melhore a produtividade. Eu respondi imediatamente: - Olha, a minha experiência mostra resultados um pouco diferentes; no geral acredito que o fly no mangue seja mais produtivo que o bait, pode até ser que na artificial você pegue o maior, mas em relação à quantidade, acho que o fly é imbatível.

 

       Evidentemente isso são apenas suposições, pois como já disse, não acredito em regras na pesca, ainda mais se tratando do robalo. Mas nesse dia, dito e feito, encontramos um barco com um pescador de artificiais, paramos e perguntamos sobre os resultados. Ele disse, nada, nenhuma ação. Mais abaixo, encontramos uma dupla e um deles disse que apenas um robalo “marolou”em sua isca, não tendo mais qualquer outra ação.

 
 

       Eu sei que neste dia navegamos bastante, mas até umas quatro horas da tarde o resultado fora meio desanimador. Foram mais ou menos uns vinte robalos pevas, todos pequenos. Mas como pescador é insistente e o guia mais ainda, continuamos nossa jornada atrás dos peixes.

 
 
 
 

       Finalmente, já no finalzinho da pescaria, paramos em um dos pontos indicados pelo Ossamu no rio Itapanhaú e arremessamos nossas iscas. Neste lugar fizemos praticamente cinqüenta por cento da pescaria. Até mesmo um cará resolveu abocanhar uma Half & Half, e, particularmente, foi meu primeiro cará no mangue.

 

       Não pegamos nada que fosse além de uns 600 g, mas mesmo assim, foram mais de 40 robalos sem esquecer do cará maluco que fisguei. Com certeza a persistência do Ossamu foi um dos fatores altos da pescaria.

 
 
 

       Infelizmente, como nem tudo são pérolas, pudemos ver a ação do homem depredando a natureza, como uma draga retirando areia, sujando boa parte do rio da Praia e sufocando com isso os pequenos seres do mangue que são a dieta de muitos outros não tão pequenos assim. Outro fato comum, foram as redes no final de tarde.

 

Roteiro:
 
       Para se chegar a Bertioga a partir de São Paulo, pegue a rodovia dos Imigrantes, siga pela rodovia Piaçaguera; antes do Guarujá, pegue a entrada da rodovia Rio Santos até Bertioga.

 

Guia:
 
       Edson Ossamu
       (0xx11) 9749-8564 (Ossamu)
       e-mail:ossamu@pesquesolte.com.br
       site: http://www.pesquesolte.com.br/ossamu/

 

Marina:
 
       Marina Acqua Azul (0xx13) 3317-1272 – Bertioga/SP

 

Equipamentos:
 
       Peacemaker #6, Carretilha Plus

 

Leaders:
 
       De 7 a 8 pés trançados e cônicos
       Obs: O leader trançado de fluorocarbono teve um excelente resultado.

 

Linhas:
 
       WF flutuante e intermediária

 

Iscas:
 
       Diver, Half & Half, Tube Flies (EP Minnow), Windram's Sparkling Shrimp, Ultra Shrimp e Surf Candy.

 
Diver   Half & Half
 
EP Minnow (tube fly)   Windram's Sparkling Shrimp
 
Ultra Shrimp   Surf Candy