Texto e Fotos: Alejandro Infante
|
|
||
Depois de ler vários interessantes artigos sobre a pesca com mosca no Caribe, da maravilha da pesca dos bonefish em águas quentes e transparentes,dos extraordinários pampos gigantes (permits) e das lutas incansáveis dos tarpons, me animei a levar meu equipamento de fly na bagagem durante uma viagem de trabalho a Caracas, na Venezuela. A idéia era deslocar-se por uns dias a Los Roques, um parque nacional, que, na opinião de alguns especialistas, é um paraíso de mergulho, da vela, e da pesca esportiva.
|
||
![]() |
O dia amanheceu com céu limpo,quente e sem vento e com o mar agitado pela maré alta.Tudo indicava que seria um dia difícil. Retiramos as licenças de pesca e...Mãos à obra!
|
|
Com a ajuda do guia, as capturas se sucederam em torno de 10 bonefish entre 1 e 2 quilos, muito lutadores. Estes peixes são considerados entre os mais importantes no quesito força x tamanho.
|
![]() |
|
Guareque ordena ao capitão o novo destino de pesca e manda–me armar a vara e carretilha mais potente que eu disponho, no caso uma 9. Atraca o bote a 100 m da costa atamos uma mosca Gummy (uma mosca de borracha que imita um alevino) em um líder de 9 pés para 40 libras.Pensei que tudo isto era encenação, menos mal que eu vinha atrás dos bonefish. Na verdade, uns minutos depois vi as primeiras marolas de uns Tarpons impressionantes, os menores com cerca de 20 kg e dali para cima! Não era gozação, os tarpons estavam ali em quantidades e tamanhos impressionantes...eu simplesmente não podia acreditar.
|
||
![]() |
Troquei idéias com Guareque para corrigir os erros, recuperei meu ânimo com os comentários do guia. “Alejandro, tenha paciência, há pescadores que gastaram uma fortuna e pegaram um só Tarpon em toda a vida...”
|
|
O entardecer no porto, com as cores do céu e do mar caribenho merecem um comentário à parte, assim como os pelicanos atrás dos cardumes de sardinhas e, certamente, os bares em frente ao mar.
|
||
Os americanos tentam com arremessos longos, assim como eu, até que Guareque me recomenda fazer arremessos curtos direto em direção à cabeça do peixe. Sigo a instrução e dali a pouco meu primeiro Tarpon... Sim, desta vez está bem fisgado!!! Uma corrida forte, saltos e mais corridas que terminam em várias fotos depois de uns trinta minutos de intensa luta. A alegria é enorme, era meu primeiro Tarpon, seu tamanho nada desprezível, uns 20 kg; aplausos dos franceses e os americanos muito calados e concentrados na sua atividade. |
![]() |
|
E assim foi a manhã, 3 Tarpons mais de tamanho semelhante, 2 para os franceses e nada para os americanos. Quando quase desarmávamos as varas para comer, vi aparecer um monstro, um Tarpon enorme de mais de 50kg sem dúvida.Um arremesso rápido e o monstro estava fisgado. Guareque gritava como louco, um salto impressionante e o início do fim, uma corrida que levou toda a linha e 200 metros de backing apesar da força do freio do carretilha. Nunca antes havia tido uma experiência assim e,na verdade, duvido que se repita. Não houve lamentos, a natureza se mostrou em todo o seu esplendor, desta vez foi vitorioso o animal. |
||
![]() |
A terceira e final jornada começou mais cedo, às seis e meia da manhã. O dia estava nublado e com forte vento, o que turvou a água antes cristalina. Nos deslocávamos duzentos metros mais ao sul; o mesmo ritual, um líder forte e a mesma mosca preparada por Guareque. Nenhuma ação nos primeiros 45 minutos, apesar de Tarpons de bom tamanho nos “rodear”. Perguntei ao meu guia o que se passava e ele me respondeu que deveríamos esperar que o sol esquentasse, porque os peixes estavam apenas “brincando”. Minutos depois ordenou ao capitão que se posicionasse a alguns metros da praia, o sol aquecia o ambiente com força e não demorou o primeiro ataque, seguido de um forte tirão e estava engatado o Tarpon. A história se repete, salto e corrida digna de um grande campeão, desaparece a linha e o backing começa a se esgotar. Depois da experiência do dia anterior, Guareque gritou ao capitão “Siga rápido!!!” e você “aguente como possa!!!”. Depois de 45 minutos conseguimos embarca-lo, um exemplar de umas 50 libras, com direito a fotos e palmadinhas. O dia havia começado bem. |
|
Voltamos à mesma posição, seguiam os rodeios, pareciam golfinhos em um parque da Disney. Prontamente vimos na nossa frente um exemplar magnífico, sem dúvida o maior que havíamos visto esta manhã. Segui-o atentamente calculando onde ele apareceria novamente, a vara pronta para agir, a visão fixa e um arremesso de 15 metros, bem em frente à cabeça e o grito imediato de guareque: “Ferra, ferra que ele já tomou a mosca!!!”. Eu não via nada, até que senti o toque imperceptível das tomadas anteriores e automaticamente ferrei usando a mão esquerda baixando ao mesmo tempo a vara (esta é a técnica usada nos Tarpons) e o troféu estava engatado. Foi uma corrida incrível, claramente meu equipamento não era o recomendado para esta batalha, mas eu não estava disposto a render-me assim no mais, nem o Guareque. Seguimos o tarpon mar a fora por quase três milhas. |
![]() |
|
![]() |
As corridas e saltos se sucederam e quando pensávamos que estava cansado, subia a superfície e tomava fôlego, recobrando toda sua força, fazendo desaparecer novamente a linha e backing do carretel. Revezamos-nos várias vezes na luta para poder agüentar, foram quase três horas de “batalha titânica”. Que alívio e alegria quando ele “pranchou” e mostrou sua barriga brilhante. O grande Sábalo de Los Roques era nosso, o levantamos com esforço,era um exemplar de 120 libras, segundo Guareque. A pesca estava terminada, era um final de conto de fadas e teria que correr para não perder o avião de regresso a Caracas.
|